domingo, dezembro 04, 2011

Rubricas

Naquele momento exato que discorreu num instante pré-definido do indefinido de Deus, ou sabe-se lá o que, em meio a um sutil ranger de dentes em que proferia seu nome baixinho, sem que alguém percebesse ou se incomodasse com isso.
Naquele momento, um dos poucos momentos em que sentiu que vivia e não se olhava vivendo, naquele momento curto, de passagem simples.
Um cheiro tomou conta do espaço e parecia ser familiar. É incrível como as coisas familiares transmitem segurança de ter vivido... E sons, que num descompasso ecoado no tempo seriam classificados facilmente entre barulhos e notas imaginárias, que muito possivelmente fariam a melhor canção de sua vida, ainda sem letra. A letra se pareceria com algo do tipo 'acordar e dormir todos os dias ao seu lado, te fazer rir e ver como você é incrivelmente atraente até escovando os dentes. Como queria, por vezes, ser a imagem exata de quem você sempre havia sonhado.' , absurdamente batido,mas que fazia sentido total. E falando em sonho, como sonhava em ter uma ideia genial que te fizesse me admirar, cair aos meus pés... Como queria poder falar que era quase um segredo brega super oculto a vontade de ter seu sobrenome e uma aliança e poder fazer café pra você às 4 da tarde e esperar anoitecer.
Naquele momento estranho em que queria poder olhar o futuro, ouvia mil vozes, sentia no peito algo gelado e quente, suor escorrendo pelas mãos e o rosto queimar, nessa pequena brecha que o destino te dá pra você decidir o que vai ser, o ranger de dentes cessou e finalmente, finalmente poderia dizer todo esse emaranhado de sensações, respirou rápido, piscou lentamente e...

saiu sem dizer uma palavra, aquilo tudo era muito absurdo.
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