domingo, dezembro 04, 2011

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Naquele momento exato que discorreu num instante pré-definido do indefinido de Deus, ou sabe-se lá o que, em meio a um sutil ranger de dentes em que proferia seu nome baixinho, sem que alguém percebesse ou se incomodasse com isso.
Naquele momento, um dos poucos momentos em que sentiu que vivia e não se olhava vivendo, naquele momento curto, de passagem simples.
Um cheiro tomou conta do espaço e parecia ser familiar. É incrível como as coisas familiares transmitem segurança de ter vivido... E sons, que num descompasso ecoado no tempo seriam classificados facilmente entre barulhos e notas imaginárias, que muito possivelmente fariam a melhor canção de sua vida, ainda sem letra. A letra se pareceria com algo do tipo 'acordar e dormir todos os dias ao seu lado, te fazer rir e ver como você é incrivelmente atraente até escovando os dentes. Como queria, por vezes, ser a imagem exata de quem você sempre havia sonhado.' , absurdamente batido,mas que fazia sentido total. E falando em sonho, como sonhava em ter uma ideia genial que te fizesse me admirar, cair aos meus pés... Como queria poder falar que era quase um segredo brega super oculto a vontade de ter seu sobrenome e uma aliança e poder fazer café pra você às 4 da tarde e esperar anoitecer.
Naquele momento estranho em que queria poder olhar o futuro, ouvia mil vozes, sentia no peito algo gelado e quente, suor escorrendo pelas mãos e o rosto queimar, nessa pequena brecha que o destino te dá pra você decidir o que vai ser, o ranger de dentes cessou e finalmente, finalmente poderia dizer todo esse emaranhado de sensações, respirou rápido, piscou lentamente e...

saiu sem dizer uma palavra, aquilo tudo era muito absurdo.
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11 comentários:

  1. Bom, não sei como apresentar-me a você. Você, uma atriz belíssima, e eu, um mero estudante graduado. A mesura adequada (nesse caso) é tarefa das mais árduas. Bom, filigranas à parte... Prazer, André.

    O poeta lusitano (Fernando Pessoa) dizia-nos: "Amar é cansar-se de estar só. É um covardia, portanto, e uma traição a nós mesmos. Importa soberanamente que não amemos." Os mais sensíveis não gostam dessa filosofia de Pessoa, mas ela é, no mínimo, curiosa.

    Também gosto de escrever e de quando em vez me arrisco de poeta/escritor. Mas até agora o máximo que consegui foi ganhar uma premiação em um site, por conta de uma crônica sobre o Rio de Janeiro. Seus textos estão cada vez melhor. Parabéns. Continue escrevendo. Terno abraço!

    André.

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  2. Simplesmente lindo, parabéns,são realmente lindos tudo que vc escrevi.É um dom lindo né? Parabéns mais uma vez e sucesso sempre.

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  3. 'E falando em sonho, como sonhava em ter uma ideia genial...'
    Como diria Monnet, "Não existem idéias prematuras, existem momentos oportunos pelos quais é preciso saber esperar."

    Absurdo?

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  4. "como você é incrivelmente atraente até escovando os dentes."

    isso é uma poesia incrível, em rima, em ritmo em verdade!

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  5. nossa você escreve tão bem parece mágico ler tudo isso faz refletir muito parabéns te admiro muito.

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  6. Apesar de ser meio melancólico , adorei o texto.Parabens! :)

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  7. Sou fã de Le Petit Prince e acabei me deparando com isso aqui via google. Gostei bastante da leitura e espero um dia render conversas com uma mente tão ávida de profundos pensamentos, como a sua. Visto que a sua frequência de postagem é tanto quanto a minha, isso pode demorar um pouco. Mas continuarei acompanhando a leitura. Me trouxe lembranças, me trouxe vontades.

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  8. Que lindo! Aliás... todos os textos muito bem construídos!

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  9. Sensacional, interessante vermos um outro lado de uma mesma pessoa, mulher inteligente além da beleza.

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  10. Parabéns pelas palavras
    São belas e perfeitas em cada aspecto
    http://libertandoogenio.blogspot.com.br/
    Meu blog sobre reflexões :D

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