quinta-feira, junho 19, 2014

Canções à vácuo

Eu queria conversar com você. Seria estranho a essa hora... Como em qualquer outra.

Pareço agora um instante, instável... Distante.
Não estou aqui e nem em lugar algum.
Sou como a ponta dos dedos dos pés, segurando todo o peso de um corpo que dança num muro. As atenções se viram à leveza das mãos, enquanto tento me equilibrar, desgraciosa. O espaço é estreito, o contato com a pele machuca... Um passo em falso e acabo com tudo.
Será que já caí?

Eu sou como aquele instante em que sua cabeça hesita "Vale a pena?" Quando alguém te demonstra carinho. Não, não vale.

E sou também aquela palavra que falta à tua boca... Perdida no vocabulário extenso de quem sabe lidar com palavras... Você improvisa, claro! Há sinônimos demais... E foi-se minha hora.

Sou um minuto de um sopro morno e sem cor, que às vezes te desconforta aos domingos...mas ah, na rua há cores, gente, barulho...sol. Meu sumiço é dado numa janela aberta.

Sabe o que mais? Sou aquele silêncio entre as suas duas faixas preferidas do CD que sempre está no carro... Você já se habituou, eu existo...Mas quem repara nisso? Os dias estão cheios!

Dias esses que estão me apagando em você tão depressa... Me alimentava de cores vivas, que vinham dos sinais de que meu lugar era por perto...

Instante. Instável. Distante...

Eu queria conversar com você! Será que já está dormindo?
Se sim, sou seu sonho bonito...

Que você jamais vai se lembrar quando for hora dos olhos se abrirem.

terça-feira, junho 10, 2014

Fogo sem calor

Você não se apaixonou por mim. 
O amor não é desses fios 
que cortam o céu e turvam a visão. 
Amor não brinca de morto e vivo
Ontem quis, hoje morreu 
Pra ser amor de verdade 
Você nem precisa de algo meu. 
Porque amor pode ser só
Coisa de um
Amor é nosso terreno
Não é relacionamento 
Uma coisa é uma coisa 
O namoro que é outra 
coisa de dois.  

Te escrevo por estar só, 
E porque foi só você 
Quem bagunçou tudo 
Ontem muito fala
Hoje fica mudo 
Te escrevo porque eu sei 
Que não fui eu que errei 
Não amontoei 
Nem carro, nem boi
Nem atropelei ninguém.
Se fujo um pouco 
E me calo 
Não é por medo 
Nem vaidade
É que, apesar da pouca idade 
Sei que amor tem segredos
Talvez,
Se nos conhecermos,
Com tempo, com serenidade
Talvez assim 
Vire uma verdade,
Amor não vira amor 
Tão cedo.