terça-feira, setembro 23, 2014

SOBRE ESTAR ABANDONADA E NÃO SE ABANDONAR

( para Paula Villar.) 


Em quanto tempo se conhece alguém?

Se em cada mente
Um universo
Quem se conhece:
Carente
Quem me conhece:
Mente
E nem tente
Me planejar
Sejamos coerentes
Se agora concordo,
Amanhã te enforco
Sem sequer pestanejar.
Meus carinhos pra você
São flores
Da pele
Mas também sei ferir
Toda fera que fere
Que se alimenta
De gente em carne viva
E depois os organiza
Em conceitos banais
Querer, eu te queria
Mas queria muito mais
Do que manda o figurino
O que era nosso
Tão genuíno
Caiu-se no
"Vir a ser"
Que pena, menino
Primavera vem surgindo
Sem poder te florescer.

quinta-feira, setembro 18, 2014

Flores pra mesa 3

Andei perdendo muita coisa e gente esses dias e acabei ficando mais maluca que o normal. É que estava num restaurante, o mesmo que fomos quando você me deu o livro do Rubem Braga, porque sabia que eu o amava e disse: " - Não entendo como você consegue gostar tanto dessas histórias sofridas com pessoas fictícias. Um filme, pelo menos, acaba logo; seus livros são enormes!". Toda sua gentileza ácida que tanto nos uniu... Mas não era disso que eu ia falar.

Prosseguindo, voltei àquele restaurante. Pedi um suco de maracujá ( não tenho dormido, que novidade!) e assim que o garçom se foi, eu vi um casal. A mulher tinha se levantado para sentar-se ao lado do par. Beijaram-se muito, entre conversas e risos... Pareciam tão íntimos. Você sabe como admiro casais íntimos, esses que namoram há 6 anos, passam natais juntos, têm uma rotina conjunta, viajam, acompanham a mesma série, andam de mãos dadas com naturalidade... Enfim. Mas não era disso que eu ia falar.

Vendo esse casal, passei a ouvir a vida ao redor: A música ambiente, vozes misturadas, risos de todo tipo, talheres batendo nos pratos... A vida fluindo. Aconteceria estando eu ali ou não... Eu observava tudo fluindo, sem fazer parte de nada. Mas também não era sobre isso que eu ia falar.

O que eu queria dizer é que toda essa situação me fez perceber o quanto estava só, visto que na minha ultima visita àquele lugar,  tinha as palavras de Rubem Braga e teus olhos gigantes. Era agraciada com implicância e carinho, e todo aquele afago atencioso nas mãos.

Sabe? Daquele dia pra cá, as pessoas não têm sido muito pacientes com as minhas loucuras. Tão me fazendo acreditar que não sou merecedora do amor verdadeiro de ninguém... Tenho me machucado, sujeitando-me a apenas suprir carências de gente egoísta. Você brigaria tanto comigo se soubesse...E com razão. Ando totalmente fatigada e perdida com esse amor-próprio sádico que cultivo, esse mesmo amor ( ou falta de) que me fez questionar o que tínhamos e sair em "liberdade" por aí. Queria encontrar em outras pessoas algo que, na época ainda não sabia, mas possuía tão verdadeiro e valioso bem ali na minha frente: Eu tinha seus olhos grandes, suas mãos quentes e seu amor.... E hoje tenho só o mundo ao redor e um suco pra me ajudar a dormir.

Obrigada por ter me deixado te amar, mas principalmente, por ter me deixado ser dona do teu amor por um momento. Lembrar de você me fez lembrar que posso sim ser amada de verdade... Que saudade bonita e doce,  sejamos felizes!