Eu tenho atraído moscas.
Elas estão em mim.
Por todos os lados só em mim.
O lugar não importa, elas não vão embora.
Devia me limpar e esfregar até a carne, mas elas não vão embora... a sujeira impregnada do silenciar das vontades da alma, meus desejos estão mortos e não há mais disfarce.
Conservo uma ilusão mas não engano a natureza.
O que está vivo sabe estar vivo?
Obedeço minha intrínseca didática humana de seguir o fluxo como um rio, mas o rio não sabe que é rio.
Eu sei.
Sei que existo, que apenas tenho seguido sem pretensão de desaguar, e sei que não sou rio.
Sorrio.
Inconsciente doses de morfina,
melhor ser tudo de menos, sentir dá trabalho de mais.
Mais e mais bichos...
Eles voando ao meu redor me obrigaram a cuspir essas palavras que cheiram a mofo.
O céu me emocionava tanto...
Se um dia já fui poesia,
Hoje me alimento de moscas.